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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

*"Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo. * *Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo. * *Não viva de fotografias amareladas... * *Continue, quando todos esperam que desistas. * *Não deixe que enferruje o ferro que existe em você. * *Faça com que em vez de pena, tenham respeito por você. * *Quando não conseguir correr através dos anos, trote. * *Quando não conseguir trotar, caminhe. * *Quando não conseguir caminhar, use uma bengala. * * * *Mas nunca se detenha."*

domingo, 25 de março de 2012

Venha como um arco-íris Me cobrir depois da tempestade No girar do carrossel de um parque O embarque na garupa de qualquer saudade Venha linda como a claridade De um sol brotando no canteiro Parecendo a propria flor da idade Na metade do que foi o nosso amor primeiro Oh butterfly, Oh My butterfly Diga que nao vai dessa vez voar de mim Vem extrelar lua da manhã céu de flamboyan Sobre os girassois do meu jardim Venha linda como a claridade De um sol brotando no canteiro Parecendo a propria flor da idade Na metade do que foi o nosso amor primeiro Oh butterfly, Oh My butterfly Diga que nao vai dessa vez voar de mim Vem extrelar lua da manhã céu de flamboyan Sobre os girassois do meu jardim...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Se o Mundo Acabasse Aquele dia foi de alvoroço. Cruzei com um amigo acostumado a prosa, numa correria e recusou-se a conversa, alegando que não podia perder tempo, pois tinha algumas coisas a concluir antes de começar a escurecer. Espantou-se com a minha ignorância de que o mundo estava prestes a acabar. (Preciso encontrá-lo para ver o que tanto não podia ficar sem fazer.) Por preguiça não escrevi no momento. Se acabasse mesmo, seria desperdício de tempo. Mas entre a dúvida de ficar no meu canto a rezar e sair a indagar e a observar, venceu a curiosidade. Uma mulher que tinha um caso antigo com um vizinho, convenceu-o a se levantar bem cedo e sem dar satisfação aos cônjuges se dirigiram a um jardim e com olhos fixos no firmamento, de mãos dadas, esperavam a chegada do Senhor. Uns doaram bens numa atitude desesperada da busca do paraíso. Juliano vendeu esperanças e garantiu lugar privilegiado a quem tinha posses. Aos de menos recurso, por preço camarada um lugar mais na frente da fila. E faturou um troco legal. Mães de santo cobraram fortuna para prorrogar o fim. O Pastor Queixada me garantiu que o mundo só não acabou como previsto, por sua intercessão e para que desse tempo a alguns irmãos se arrependerem. Mas me avisou que não vai dar para segurar por muito tempo, portanto, desapeguem-se dos seus bens. Muitos rezaram, confessaram e se arrependeram. Minha filha me fez perguntas que nunca ousou. Minha mulher me questionou umas coisas esquisitas, que prometi responder assim que escutasse a primeira trombeta tocar e visse os anjos descendo do céu. Gumercindo não despregava os olhos do relógio e de nada resolveram os calmantes. Chorava que dava dó e pedia perdão à mulher por falhas e contou coisas que só se conta na hora da morte e morte certa mesmo. Chiquinho abriu as gaiolas, soltou todos os pássaros e se escondeu debaixo da cama. Roberval, devedor contumaz, fez mais compras e mandou que todos os credores viessem no dia seguinte. MAS NÃO ACABOU. Assim, por culpa de um tal de Nostradamus, o que ia até mais ou menos se encrencou. A mulher do Gumercindo retirou o perdão e foi para a casa da mãe com as crianças, não sem antes dar uma bofetada no sujeito e ameaçá-lo de proibir visitas aos filhos. Chiquinho chora a falta dos pássaros e Roberval se esconde dos cobradores. A mulher com o vizinho tiveram que juntar as trouxas e fugir. Eu ando me esquivando da mulher, mas sinto que a qualquer hora ela vai me pegar de jeito e vou ter que responder àquela pergunta, e aí, não sei não. Por tudo isso, Manelão se interrogou: "Ele erra na profecia e nós é que se ferra?( DO LIVRO E SE O MUNDO ACABASSE)
CORAGEM PARA OPTAR PELA ARTE

Há quem diga que a responsabilidade maior foi do pai, que numa viagem ao nordeste o presenteou com um berimbau. Outros acham que a culpa foi da mãe que, enjoada do din-din-din-don , trocou o instrumento por um violão de plástico e cordas de náilon. Embora. muitos acreditem que ele já tenha vindo de nascença com um parafuso a menos e que essas coisas não tenham influenciado em nada. O que é certo, e concorde a todos, é que o Gertulino não tem um pingo de juízo. Os pais, coitados, na verdade a gente sabe que fizeram de tudo para que ele se endireitasse, mas foi perda de tempo. Arrumaram uma vaga num escritório de contabilidade, mas qual nada. Na mala de boy , levava suas revistas de partituras e letras que cantarolava no ônibus e na fila do banco. No guichê, enquanto o caixa autenticava, ele tamborilava com uma bic no vidro do balcão. Não reclamava do salário, mas chiava quando tinha de catar milho na Olivetti para preencher de uma guia e também não queria nem saber de débito/crédito. O contador lhe apontava exemplos de quem entrou pequeno e agora era chefe de departamentos e ele, nem aí. Já bem crescido foi despedido por faltas. Trabalhava um, faltava dois dias. Arrumaram-lhe um emprego numa metalúrgica . Na prensa, com o pé livre batia duas vezes no chão e no do pedal batia uma, em ritmo de valsa. Puseram-no para rebitar , e o chefe o dispensou por não agüentar mais o bater compassado e a quarta batida mais forte, sempre. Daí para a frente só fez bicos. Na maioria das vezes era encontrado em casa, fechado no quarto com seu violão, repetindo várias vezes a mesma música e descobrindo as notas de um solo. Começou tocar nuns barzinhos e até recebia acanhados aplausos. Quando perguntado pelo filho, seu Agildo, respondia que ele estava trabalhando. Mas quem ouvia os acordes vindos do quarto, dava uma risadinha e dizia que o Gertulino não tinha jeito mesmo. Seu Agildo também achava que não era certo o proceder do filho, mas saiu a investigar se era só ele quem tinha filho doido. O filho do padeiro era encafifado com negócio de pegar pedaços de pau e ficava horas e horas esculpindo. Às vezes até que fazia alguma coisa bonita, da qual o pai ignorava a beleza para não estimular a loucura. O filho do açougueiro era metido com coisas de teatro e vivia correndo atrás de roupas velhas. Perdia horas e horas em ensaios inúteis, fazendo cenários de papelão, perucas, narizes e, de vez em quando, junto com outros doidos dava um show na praça. O filho de um seu Geraldo ficava horas e horas como que fora do mundo, pintando um quadro. O filho da professora , era poeta e não fazia outra coisa senão rabiscar um caderno espiral de capa gasta. Assim, seu Agildo viu tantos malucos pelas noites que chegou a duvidar se era mesmo loucura. Ele descobriu que existiam outros doidos e tentou adivinhar que espécie de doença é essa que ataca a mente, fazendo abandonar futuros planejados, por caminhos incertos. E nós, até com certa inveja, perguntamos de onde nasce essa força tão grande que faz com que alguns tenham coragem de optar pela arte.( LIVRO ACONTECE)
ESMERALDO E O GARÇOM

Esmeraldo servia um bife acebolado, enquanto outro cliente fazia insistentes sinais chamando-o. Ele, fingindo não perceber para não interferir no seu trabalho, atendeu com presteza e só então deslocou a sua visão à outra mesa. (Aí que descobri que quando chamamos um garção e parece que ele não vê, às vezes está vendo e finge que não vê). Acostumado com os tipos e pela cara sentiu que era reclamação, e era mesmo. O sujeito, irritado, sentia-se indignado com a refeição. O macarrão estava grudado e o molho salgado. Esmeraldo, educadamente, perguntou: - Como é o seu nome, senhor? O cliente mais irritado ainda respondeu: - Jonas. - Pois é senhor Jonas, vou lhe explicar como funcionam as coisas -, disse-lhe Esmeraldo. - A minha função aqui, é a logística. Ou seja, coleto os pedidos do cliente, passo para a copa, que manda para a cozinha. Daí para a frente não interfiro em nada, até que eu ouça dois toques da sineta, o sinal de que o meu pedido está à disposição. Então apanho a mercadoria, vejo se está bem separada, cada qual em sua bandeja e faço a distribuição para os clientes. Quanto a verificar se os produtos estão perfeitos, se a qualidade é boa, foge ao meu alcance e se o fizesse, estaria me intrometendo no trabalho de outro setor, com o que o senhor há de concordar, seria antiético. Agora, é responsabilidade minha e o senhor pode me chamar a atenção que eu vou abaixar a cabeça, se ocorreu alguma coisa que me diz respeito como: Seu pedido veio trocado? Sua cerveja chegou quente? O refrigerante diet da sua esposa e as cocas normais dos seus filhos não vieram certinhos, como pedidos? Sua comida veio misturada, decorrente do transporte da copa até a sua mesa? Deixei cair um copo ou derramei molho na mesa ou em algum dos senhores? O senhor pode não ter percebido, senhor Jonas, mas a sineta tocou e eu já corri para trazer sua refeição. Se houve demora, foi lá para dentro, mas não no serviço de distribuição. Agora, se o senhor quer fazer reclamação do serviço da produção, posso chamar o cozinheiro ou então o senhor Manoel, que é o dono, portanto, é quem tem que ouvir essas reclamações, não eu. Aliás, aqui pra nós, acho que o senhor tem que reclamar com ele sim, porque esse cozinheiro é muito folgado e anda fazendo as coisas de qualquer jeito. É a segunda reclamação injusta que recebo hoje. Que culpa tenho eu, senhor Jonas, que estou aqui do lado de fora, nem sabendo do que está acontecendo lá por dentro e alguns clientes sem atentar para isto, me chacoalham? O senhor, sinceramente, não acha que é injusto seu Jonas? Vou chamar o seu Manoel, o senhor reclama do macarrão, do molho e, não diga que falei nada, mas pode reclamar que a carne está dura, porque sei que está, pois, uns dois clientes já reclamaram. Lá está o seu Manoel. Seu Manoel! Seu Manoel , faz o favor! Enquanto o Sr. Manoel se aproximava, Esmeraldo cochichou para o cliente: - O senhor pode reclamar do que quiser seu Jonas, mas não da comida fria, porque se esfriou, foi por culpa sua que iniciou a conversa, deixando-a esfriar. Jonas, mulher e filhos boquiabertos olhavam para o Esmeraldo e o Sr. Manoel, que todo solícito dizia um "pois não", bem macio.